quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Teoria da saúde Tecno-Mental: Uma Estrutura para a homeostase cognitivo-digital no antropoceno supermoderno(*A psico-compatibilidade entre dispositivos cada vez mais surpreendentes a indivíduos neurodependentes


Termo tecno-mental:desenvolvida por Santidarko anteriormente em um conto.

Termo psico-compatibilidade:desenvolvida por Santidarko nesta teoria.

Termo neurodependente: cunhada nesta teoria por Santidarko,para descrever uma condição específica. 


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Preâmbulo Conceitual
A Saúde Tecno-mental não é uma mera extensão da saúde mental para o ambiente digital. Ela adjura a existência de um sistema integrado e dinâmico formado pela mente humana (consciente e inconsciente) ,e seus agentes tecnológicos exocognitivos (smartphones, algoritmos, IA, wearables). 

Este sistema, denominado :Sistema Mente-Tecnologia , funciona como uma única unidade ecológica. A expressão propõe que a saúde deste sistema não reside na ausência de 'doença' no componente humano, mas na homeostase dinâmica entre os dois componentes.

O problema fundamental do século XXI não é o uso excessivo da tecnologia, mas a disrupção homeostática , causada por interfaces, que não respeitam os ritmos biológicos;algoritmos que exploram vieses cognitivos e uma sobrecarga de dados que excede a capacidade de processamento da consciência humana. 

A saúde tecno-mental, portanto, 'estuda' e intervém neste sistema, não apenas no indivíduo.



Princípio da Inseparabilidade:
Não se pode compreender o bem-estar do componente humano sem analisar o estado e a influência do componente tecnológico.


Princípio da Bidirecionalidade Adaptativa:
A mente adapta-se à tecnologia (neuroplasticidade), e a tecnologia deve ser projetada para adaptar-se à mente (psicocompatibilidade). 

A patologia surge quando esta bidirecionalidade é quebrada, criando um desequilíbrio.



Princípio da Carga Cognitivo-Digital:
É a medida da energia mental despendida para gerenciar e interagir com o componente tecnológico da saúde mental. Uma carga cognitiva-digital alta e sustentada leva à fadiga, ansiedade e à Síndrome de Desatenção Profunda(ver abaixo).


Princípio da autonomia relativa:
A saúde  é medida pelo grau de autonomia consciente que o indivíduo mantém sobre a regulação da interação. Dependência patológica é a cessão total da autonomia à tecnologia; a rejeição tecnológica é a falha em integrar um componente vital da saúde tecno-mental.



Normas e diretrizes para uma ecologia tecno-Mlmental saudável:


Com base nos princípios, propõem-se normas para o design e a interação:

Norma de Transparência Algorítmica Afetiva:
Os sistemas devem informar ao usuário, de forma compreensível, quando e como estão modulando seu estado emocional (ex:O feed está priorizando conteúdo calmo ,para reduzir sua ansiedade).


Norma do direito à desconexão cognitiva: Interfaces devem incorporar 'pausas cognitivas'obrigatórias e ,design que não penalize o usuário por não estar sempre conectado.


Norma da psicocompatibilidade:
O design de software e hardware deve alinhar-se aos limites da atenção humana (ciclos de 90-120 minutos), necessidades de sono e ritmos circadianos. Ex:dispositivos que gradualmente reduzem a estimulação de excessivas informações  após o pôr do sol.


Norma da soberania de dados mentais:
Os dados biométricos de wearables (frequência cardíaca, padrão de sono, variação da voz) devem ser tratados com a mesma confidencialidade que um prontuário psiquiátrico, sendo de posse primária do usuário.


Patologias tecno-mentais Propostas:

-Síndrome de Desatenção Profunda Estado crônico de incapacidade de sustentar a atenção em tarefas lineares e de baixa estimulação, resultante de uma sobrecarga  tecno-mental permanentemente elevada. 

Diferente do TDAH, é uma condição 'adquirida'.

-Dissociação de fluxo digital:
 Sensação de 'perda de tempo' ou de não reconhecimento da própria atividade on-line, similar a um estado dissociativo, após longos períodos de navegação passiva e guiada por algoritmos.


Ansiedade de otimização :
Ansiedade gerada pela pressão de usar tecnologia para maximizar cada aspecto da vida (produtividade, sono, exercício, socialização), onde o feedback do dispositivo se torna uma fonte de estresse, não de empoderamento.


Dependência simbiótica patológica: 
Relação onde o indivíduo delega funções cognitivas críticas (memória, tomada de decisões simples, navegação) à tecnologia a ponto de experimentar ansiedade e incapacidade na sua ausência, diferente do vício, que é busca por prazer.



Protocolos de tratamento e intervenção 

Higiene Tecno-Cognitiva :
 Práticas personalizadas para limpar o componente tecnológico do SMT(*saúde mental tecnologia)

Ex:'Desintoxicação de Algoritmos'que estimulam para vez mais um viés. 


Tecno-Análise:
Modalidade terapêutica onde o terapeuta e o paciente analisam conjuntamente os dados de uso de telas, padrões de notificação e respostas biométricas (de wearables,dispositivos que usam no corpo para medir funções humanas,ex: pressao arterial etc) para identificar gatilhos de ansiedade e padrões disfuncionais no SMT.


Terapia de exposição com controle de Estímulos (TECE):
Exposição gradual a situações de desconexão ou interação tecnológica moderada, com monitoramento da resposta psicofisiológica, para restaurar a autonomia do indivíduo sobre a SMT(*saúde mental-tecnológica)

Envolvimento do paciente no redesign de suas próprias interfaces digitais (modo noturno permanente, remoção de 'feeds' infinitos, uso de aplicativos de texto puro) para tentar aumentar gradualmente a psicocompatibilidade.


Referências e métricas de estudo Propostas aqui:

Para validar a teoria, propõem-se novas métricas de pesquisa:

Índice de Homeostasia do SMT(*saúde mental-tecnológica

(Métrica composta pela relação entre horas de sono de qualidade (medida por wearables), autorrelatada, capacidade de tolerância ao tédio (teste padrão) ,e nível de autonomia percebida no uso tecnológico.


Agentes Exocognitivos :
Análise qualitativa e quantitativa de quais tecnologias um indivíduo utiliza, a função que cada uma desempenha em sua exocognição e o grau de dependência de cada uma.

Medir a resposta psicofisiológica  a uma notificação inesperada durante uma tarefa que exige concentração profunda.



Conclusão e um chamado para colaboração
A Saúde Tecno-Mental representa uma mudança de paradigma urgente. Ela não demoniza a tecnologia, mas a reconhece como parte integrante e irreversível da condição humana contemporânea. 

O desafio é desenvolver uma ciência e uma clínica que não tentem simplesmente 'curar'o humano de uma suposta 'doença' tecnológica, mas que otimizem a simbiose entre os dois elementos para promover um florescimento conjunto.


 By Santidarko 

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