segunda-feira, 15 de setembro de 2025

A Teoria do 'Travamento de Nicho,'ou 'A Grande Estabilização'(*por que não surgem novas espécies/espécimes de animais como eram 'comuns no passado',e se surgirem,quais seriam as possíveis espécies?


Iaraquém :foto 1 de cima para baixo
Curupirara: foto 2 de cima para baixo

Nome e espécies imaginadas by Santidarko 





A ideia de que não surgem mais espécies novas como antigamente é, em parte, uma ilusão de perspectiva? 

Espécies poderiam vir a surgir, mas em um ritmo e de uma forma radicalmente diferentes do passado, tornando-o praticamente invisível para nós. A culpa? Nós?

...E um mundo que ficou pequeno demais para grandes experimentos evolutivos.

Aqui está a teoria, quebrada em partes:


O Mundo não é mais um Laboratório Vazio (O Fim da 'tela em Branco').
No passado, após grandes extinções em massa, a Terra era como um conjunto de 'laboratórios vazios'. Continentes se separavam, oceanos se isolavam, e ecossistemas inteiros ficavam à disposição para que a vida experimentasse novas formas. 

Um lagarto chegava numa ilha sem predadores e, em alguns milhões de anos, virava um dragão-de-komodo. Esse processo de especiação alopátrica (onde populações são separadas por barreiras geográficas) era a principal fábrica de novas espécies.

Hoje, não há mais laboratórios vazios. Todos os nichos ecológicos, em praticamente todos os cantos do planeta...estão ocupados. 'A tela está  totalmente pintada'?

Um novo animal que surgir de uma mutação radical não encontrará um espaço vazio para dominar; encontrará um predador eficiente, um competidor estabelecido e um ambiente que já tem dono. 

A seleção natural, portanto, não premia mais a radical inovação, mas sim o refinamento e a eficiência-- dentro dos nichos existentes.


'O Policiamento dos Generalistas' (O Domínio dos Onipresentes)

A fauna global foi dominada por supergeneralistas, muitos dos quais nós mesmos distribuímos. Ratos, pardais, pombos, baratas, formigas, gatos e cães domésticos. 

Essas espécies são ultra-adaptáveis e formam uma 'massa cinzenta'ecológica, que suplanta qualquer tentativa localizada de inovação. Um novo e frágil pássaro com um bico diferente não consegue competir com um pardal que come qualquer coisa, em qualquer lugar, e se reproduz como louco.

A evolução agora premia quem consegue viver ,apesar desses generalistas e do ser humano, e não quem consegue explorar um novo nicho.


A Pressão Antropocênica: A seleção artificial invisível
Nós nos tornamos a maior força seletiva do planeta. A evolução não parou; ela apenas mudou de direção. Agora, a seleção natural não é mais sobre quem é mais apto para a natureza, mas quem é mais apto a sobreviver em um mundo moldado pelo homem.

Isso está criando novas espéciesdiante dos nossos olhos, mas não da forma clássica:

-Roedores urbanos que desenvolveram resistência a venenos.

-Insetos que mudam sua coloração para se camuflar em paredes de concreto, e não em árvores.

-Aves que ajustam seus cantos para serem ouvidos acima do ruído das cidades.

Essas são protoespécies. Se fossem isoladas por milhares de anos, talvez se tornassem algo completamente novo. 
...Mas o mundo é conectado, então elas apenas evoluem localmente, sem se isolarem o suficiente para se tornarem espécies distintas. 

É uma microevolução constante sem macroevolução aparente.

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E Se surgissem, quais espécies seriam?

Se, por um milagre ecológico, uma nova espécie animal complexa surgisse ,e se estabelecesse, ela provavelmente seria fruto dessas pressões modernas. Esqueça os monstros pré-históricos. Pense em pragas supereficientes:


1.  'O Lixívoro Urbano': Um mamífero ou ave de médio porte, extremamente cauteloso, noturno e com um sistema digestivo capaz de processar plástico e outros resíduos humanos.


2. O Pastador de Infraestrutura: Um invertebrado que evoluiu para se alimentar dos revestimentos de cabos de fibra óptica ou isolantes elétricos, vivendo dentro das paredes e túneles de nossas cidades.

3. O Parasita de Rebanho Global: Um novo tipo de carrapato ou nematoide altamente resistente, especializado em explorar os gigantescos e densos rebanhos de gado que mantemos, pulando de continente a continente com o comércio global.

São criaturas pouco charmosas, porque a seleção natural moderna é brutal e utilitária.

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E No Mar?' Por que não vemos'?

O oceano é, de fato, o último grande laboratório. É mais vasto, profundo e menos mapeado que a terra firme. Lá, a especiação está acontecendo de forma muito mais ativa.


A questão não é se ocorre, mas por que não observamos:

-Acesso Limitado:80% do oceano está inexplorado. Novas espécies são descobertas constantemente em águas profundas e recifes remotos. Muitas já surgiram, nós é que ainda não as encontramos.

-Critério de Definição:No mar, muitas vezes a distinção entre espécies é sutil (química, genética, comportamental) e não morfológica. Dois peixes idênticos podem já ser espécies diferentes porque não se cruzam mais devido a feromônios ,ou rituais de acasalamento diferentes. Nós não conseguimos ver isso a olho nu.

-O Deserto de Água Aberta: Assim como na terra, os nichos do oceano aberto são estáveis e dominados por generalistas eficientes (atum, tubarões, lulas). A inovação acontece nas fronteiras; nas profundezas abissais, em fontes hidrotermais, em recifes de coral isolados e nas zonas costeiras sob intensa pressão humana (como a hipersalinização ou poluição).


Conclusão da Teoria:
Não é que a evolução parou. É que nós mudamos as regras do jogo. A Grande Estabilização travou a era dos experimentos grandiosos ,e inaugurou uma era de ajustes finos, quase invisíveis, onde a maior força seletiva é a civilização humana. 

As novas espécies não serão dinossauros ou tigres-dente-de-sabre; serão os sobreviventes especializados, os aproveitadores e os invisíveis que souberam ler as novas regras do planeta que nós criamos. 

O mar, por ser um mundo à parte e menos dominado por nós, ainda mantém um pouco da magia antiga da especiação – mas mesmo lá, nossa sombra já começa a se projetar.


By Santidarko 

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