quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Giro

Encarnação nas bilheterias







Se depender dos números divulgados pelo Filme B, e se eles não sofrerem drástica alteração nos próximos dias, o cinema brasileiro será alijado, mais uma vez, de um de seus grandes inventores, e, por que não dizer?, do ressurgimento definitivo dos filmes de gênero.

É sintomático que Encarnação do Demônio, novo filme de José Mojica Marins com o personagem que o tornou famoso, Zé do Caixão, tenha ido mal no fim de semana de estréia. Um país que deixou de valorizar gênios como Rogério Sganzerla e Ozualdo Candeias, e ainda se divide quando o assunto é outro gênio, Glauber Rocha, não poderia repetir os mesmos erros com o novo filme de um dos últimos grandes autores do cinema brasileiro. Mas parece estar repetindo.

Onde está o público para esse filme? Onde estão os adolescentes que vibram com a franquia Jogos Mortais e somem quando algo assombrosamente superior aparece na cara deles? Onde está o público que deveria estar prestigiando um dos mais importantes acontecimentos do cinema brasileiro desde que o ex-presidente Collor fechou a Embrafilme?

Não é exagero dizer que Encarnação do Demônio pode ser um divisor de águas no cinema brasileiro. Estaremos presenciando a morte do cinema de gênero, responsável pelo estofo necessário a uma produção realmente prolífica? Ou sua ressurreição, provocado pelo seu maior autor? A bilheteria contará muito nesse caso, infelizmente.

O público do fim de semana de estréia decepcionou. 5.600 pessoas pagaram para ver o filme nas 37 salas que o exibiram, ficando em 16º lugar no ranking de bilheterias. Uma média de 151 espectadores por sala.

Segundo Dennison Ramalho, roteirista e principal herdeiro de Mojica, "vários fatores colaboraram para que a estréia fosse decepcionante". Ele aponta o frio que tomou de assalto a cidade, bem como o começo das Olimpíadas. O fato é que "na minha ronda pelos cinemas da cidade percebi que todos os filmes estavam com pouco público, não foi só o Mojica o prejudicado".

Mojica compara o público de hoje com o dos anos 60 (época dos dois filmes anteriores da trilogia): "O público atual não tem tanto interesse nas telas de cinema como o da década de sessenta. A prova disto é que nas grandes metrópoles houve uma redução bem significativa do número de salas de cinema, e as maiores encontram-se nos shopping centers". Ele ainda acrescenta que as tecnologias causaram um certo comodismo na classe média, e o mesmo aconteceu na classe baixa, com a pirataria.

Ramalho, que encantou platéias jovens com seu curta Amor Só de Mãe, culpa também o parecer do Ministério da Justiça, que deixou o filme proibido para quem tem mais de 18 anos, acabando, assim, com boa parte do público do cinema de horror (muitos fãs estão na faixa dos 16, 17 anos). "Há uma discrepância entre o parecer do Ministério da Justiça e o que eles emitiram para a franquia Jogos Mortais, que tem tudo que o nosso filme tem, mas não tem o peso histórico do personagem, sua importância. Faltou patriotismo e sensibilidade ao Ministério".

Claro, muitos podem argumentar que Ramalho está advogando em causa própria, e que o público não quer ver tal filme sanguinolento. Mas não faz bem para nossa cultura continuar acreditando nessa ladainha do que o público quer ver, nem ignorar o peso histórico e cultural de José Mojica Marins, que foi até condecorado pelo MinC por ter criado o personagem Zé do Caixão.

Mojica é ainda mais enfático: "Sejamos realistas: meu público-chave são crianças, adolescentes e jovens. Infelizmente, de maneira sutil, porém grosseira, a censura continua demonstrando perseguição contra mim, alegando uma série de pormenores absurdos e ridículos".

Obviamente, Ramalho está certíssimo quando afirma que faltou sensibilidade, e dá até para dizer que houve, de fato, uma sabotagem, se não uma perseguição (como disse o Mojica), provavelmente motivada por desinformação ou ignorância, mas que vem bem a calhar para certa parcela ainda dominante em nosso cinema (basta ver o qüiproquó que a vitória do filme em Paulínia causou em alguns meios ditos sérios).

O veterano diretor também compara o parecer que aplicou uma censura de 18 anos, dizendo: "nudez? E os funks, axés, forró de duplo sentido, novelinhas, exibidos e tocados em horário nobre, ao alcance de crianças em idade escolar? O mal vencendo o bem? Temos então a continuidade de Jason, Fred Krueger, Hannibal Lecter, entre outros. Em suma, desculpas esfarrapadas para vetarem meu público de apreciarem minha obra".

O que é certo é que se os números não melhorarem, a distribuidora, que é grande e quer retorno financeiro, deve diminuir o número de cópias e até privar habitantes de outras praças onde o filme ainda deve estrear de conferir a volta do mítico personagem.

Mojica está com esperanças no boca-a-boca: "É a principal arma... A voz do povo está entre os principais poderes vigentes de comunicação". E ainda vê, com razão, motivos para comemorar: "... valeu a pena a espera. Além dos prêmios, tenho lido as críticas de jornais e da imprensa em geral, tenho ouvido opiniões de espectadores... em suma, nem a censura venceu tão boa a positiva perspectiva de sucesso. Pela primeira vez, de maneira unânime, todos têm elogiado esta obra".

Ou seja, é um fracasso em termos, porque quase todos os filmes têm o desempenho abaixo do esperado, e os fatores levantados por Dennison podem mesmo ter feito toda a diferença. Há, ainda, motivo para esperar uma reviravolta nas bilheterias.

"O boca-a-boca tem que funcionar, porque o filme é uma resposta ao cinema brasileiro que está aí, cheio de temas sociológicos e bom-mocismos", diz Ramalho. Essa resposta, claro, deve ser completada pelo público, pois qualquer cinematografia que se preze deve ter seu espaço considerável para os filmes de gênero.





George Clooney vai produzir filme sobre guarda-costas de Bin Laden






O ator George Clooney (Conduta de Risco) adquiriu os direitos autorais do livro de Jonathan Mahler, o thriller The Challenge, sobre a campanha promovida pelo advogado da marinha norte-americana Charles Swift e pelo professor de advocacia da universidade de Georgetown, Neal Katyal, para assegurar um julgamento justo para Salim Hamsan, guarda-costas e motorista de Osama Bin Laden.

Segundo informações da Variety, o filme será produzido pela Smoke House, produtora de Clooney e Grant Heslov. Assim como Boa Noite e Boa Sorte (2005), The Challenge poderá ser produzido, dirigido, roteirizado e protagonizado por Clooney.

Hamdan foi sentenciado a 66 meses de cárcere na Prisão de Guantánamo, em Cuba. O guarda-costas do maior terrorista do mundo foi considerado culpado de fornecer material para o terrorismo, mas as acusações de conspiração para assassinato foram retiradas, conquista vista como uma vitória dos esforços da equipe de Swift por analistas do caso.

Por enquanto, nenhuma informação sobre o início da produção de The Challenge foi confirmada.

Poderemos ver Clooney nos cinemas brasileiros dia 28 de novembro, data de estréia de Queime Depois de Ler. Brad Pitt (O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford) protagoniza o longa.





Robert Downey Jr. fala sobre Batman e Sherlock






Robert Downey Jr. protagonizou o sucesso Homem de Ferro e, com uma certa experiência em filmes de heróis sem superpoderes, contou o que achou de um outro herói que não pode voar, Batman - O Cavaleiro das Trevas.

Downey Jr. deu uma entrevista ao site Moviehole e contou que assistiu ao filme do homem-morcego. "Eu me senti meio burro porque não entendo essas coisas muito inteligentes. É como uma Ferrari dos roteiros e eu pensei, ‘não é isso que gostaria de ver em um filme’. Eu adorei O Grande Truque (2006), mas não entendi O Cavaleiro das Trevas", confessou.

O ator ainda afirmou que não saberia explicar a trama. "Não entendi, eu ainda não posso dizer o que aconteceu no filme, o que aconteceu com o personagem, e no fim, eles precisavam que ele se tornasse um cara mau. Eu achei: ‘Entendi. É tão alto nível e tão inteligente, que é claro que eu precisaria ter nível universitário para entendê-lo’", afirmou.

Ele ainda faz uma provocação à DC Comics, responsável pela criação de Batman. "Quer saber? Dane-se a DC Comics. Isso é tudo que tenho a dizer", concluiu.

Homem de Ferro, filme que alavancou a carreira de Downey Jr. é uma criação da Marvel, editora concorrente da DC Comincs. A Marvel Studios produziu o blockbuster, que arrecadou cerca de US$ 570 milhões nas bilheterias mundiais.

Para colocar mais lenha na fogueira, Justin Theroux, roteirista de Trovão Tropical, e contratado para escrever Homem de Ferro 2, comparou os dois filmes. Ele disse à revista New York que comparar Homem de Ferro com O Cavaleiro das Trevas "seria como comparar aquele filme do Tom Cruise em que ele faz o piloto da Nascar (Dias de Trovão, 1990) com Ricky Bobby: A Toda Velocidade (longa protagonizado por Will Ferrell, no qual ele parodia um campeonato de corrida da Nascar). O nosso protagonista meio que se orgulha de ser um fanfarrão", disse.

Robert Downey Jr. ainda falou sobre seu novo projeto, um filme sobre o detetive Sherlock Holmes, dirigido por Guy Ritchie (Rock’NRolla - A Grande Roubada). "Este será definitivamente um filme de Guy Ritchie e será feito em nos moldes clássicos de 1891, mas não será particularmente estilizado", contou.

A ação prometida por Ritchie em Sherlock foi confirmada pelo ator. "Eu acho que o inédito nesse filme é que o real Sherlock voltará - ele é muito mais amplo e menos filosófico do que eu me lembre em suas descrições. Ele é um pugilista, um lutador de artes marciais e um completo excêntrico, por isso disse que adoraria interpretá-lo", confessou.

Roberto Downey Jr. estará nas telonas novamente com o filme Trovão Tropical, que estréia dia 29 de agosto.

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