domingo, 29 de junho de 2025

Nefelibata (*Para a penumbra do teu sótão,onde esconde-se seu coração amedrontado)

 O céu — uma tumba de mármore rachado,  
Onde fulgores mortos se agoniciam.  
A Névoa sobe (aroma de um cadáver exalado com flores) ;
...Engolindo relógios que o tempo furtam.

Na praça, uma estátua decapitada  
Aponta o cotovelo para o abismo.  
Seus lábios de granito, uma ferada;  
Cuspindo silêncio e cinismo.

Tu vieste com passos de neblina fina,  
Trazendo lírios — mas de cera fria.  
Tua voz, uma fonte envenenada e divina...  
...Era a armadilha da melancolia.

Minha alma? Um espelho quebrado no cais,  
Refletindo mastros sem velas, sem rumo.  
Cada fragmento um abismo: jamais  
Se unirão sob esse luto importuno.

Os sinos tecem um sudário sonoro  
Por algo que morreu antes de nascer.  
O Vento, ladrão de folhas de ouro,  
Rasga anúncios de um amor qualquer.

O que resta? 
Sombras com fome de carne,  
Fiapos de gritos nos vitrais quebrados.  
O futuro? Um trem na noite a arder,  
Carregando sonhos estraçalhados.

... E a Névoa bebe o rio, a dor, o mito,  
Enquanto nos degraus da estação vazia,  
A Esperança — relógio sem ponteiro, maldito . 
Bate horas de pó e ironia.

 ...cruel,que ambos os mundos exigem. 
O meu e o seu!
Sabor de pó de estrelas extintas na língua.


By Santidarko 

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