sexta-feira, 15 de abril de 2016

O Cerimonato-Nosfírus

Folhas que envergam com o transitar do vento,pingam o sangue derramado em sua superfície.Com pequenos intervalos da passagem do sopro da noite,colore aos poucos o verde gramado de rubro.
O fino caule que também fora tingido,balança com a brisa forte,favorece um pintar não segmentado.

A Lua cheia,ilumina e acrescenta seu Tom ao cenário.Aclara a visão dos dois corpos deixados à sua volta.De um pequeno arbusto não rodeado ou "assistido"por outras espécies botânicas.
Após o despertar de um transe alimentar,o vampiro abre seus olhos vermelhos e volta à realidade.Passa a língua em seus pontiagudos caninos e concorda com seu pensamento que atesta uma insatisfação.

Observa com seu dotado campo de visão à sua volta.Sua afortunada audição e o olfato,lhe indica apenas uma pacata e silenciosa coruja que testemunhava seu feito.
Com uma risada de desprezo,a ignora com um dizer;
-vá procurar ratos e me deixe em paz!!

Ele limpa sua boca com um lenço do qual sempre carregara consigo,ajeita sua lapela e olha pela última vez o casal do qual se alimentara.
O homem estava com uma perna quebrada,o osso exposto,razão para sua não fuga e reação enquanto dilacerava o pescoço de sua namorada.
Abre um sorriso,e como um ator após sua apresentação,faz sua reverência;curvar-se com um Obrigado.

Com suas mãos nos Bolsos e com um largo sorriso,caminha como um descompromissado,um turista ou entusiasta da noite.

Seu malévolo arrebatamento,ainda anseia à escolha de um último agraciado.
Ao ver duas jovens fumando na parte mais escura da praça dessa grande cidade,sentadas erroneamente com os pés em cima da onde todos os educados se sentavam normalmente;local esse que estava vazio pela localização urbana(bairro distante) e pelo horário em um dia de semana,vai a elas.

Sua aproximação causa um medo instantâneo às garotas,mas ao notar suas roupas e gestos,a garotas que derrubara seu cigarro enrolado no momento de sua parada com a amiga nesse canto da praça,relaxa os tensos músculos.A outra ainda permanece com um medo não definido.


Ele gentilmente pega o "cigarro" derrubado pela jovem,antes de devolver a ela,dá uma tragada;se apresenta às duas.
Ao apertar a mão da garota que ainda continuara com receio de sua vinda até elas,ouve sua observação;
-Nossa cara,que mão gelada você tem!!

Com o esboço de um tímido sorriso e com o pensamento imediato,Nosfírus pensa:
-Mas que Diabos estou fazendo?

Como tem o poder de apenas manipular uma mente de cada vez,deixa a garota que dara o aperto de mão,em uma espécie de Catatonia.Ela fixa seu olhar no nada e não se move.
A outra, ao perceber o estranho comportamento da amiga,a balança e a belisca com seu chamar espantado.
-Ei?o que você tem?
-Está chapada demais?

Nosfírus,então usufrui o momento.Craveja os dentes na linda garganta da menina que chamara a amiga com um tom brincante.
A outra ainda permanece sem se mexer.Nem mesmo suas pálpebras Alarmavam-se.
É sem qualquer incômodo o manducar vampírico.Um desfrute calmo e agradável do sangue virgem.
Fato esse que fora percebido no momento que Nosfírus se aproximara das jovens.

Ele então;larga delicadamente a jovem que partira de Alma no chão.Faz um comentário sobre o doce sabor.
Assea(*assear) sua boca com seu lenço de costume.
Seu tento agora está voltado à jovem inerte.
-O que faço com você agora? diz ele.
Segurando seu lenço próximo à sua boca,tampa seu riso questionador.
-O quê?
Sua retórica ainda insiste.

Olha ao seu redor e ainda demonstra sua indecisão.
Apoia-se no banco da praça,do qual a garota ainda permanecia intrêmula.Mas seu escorar,é em sentido oposto ao lado que todos habitualmente se sentam.
O que era o encostar das costas,era o amparo para seu Cóccix.
Ainda de pé e invertido à posição da garota,manda ela se sentar direito.
-Tenha primor aos modos.Diz ele.

Ela obedece à sua ordem de dominação.

Ele vira seu olhar a ela,seu corpo ainda permanece totalmente de costa para ela,então diz;
-Você não tem o requinte de uma donzela,não é mesmo?


Apesar de ter a aparência de um homem de trinta anos,o tinham transformado nos anos cinquenta.Preservava os costumes da boa educação e do fino trato.Mesmo no século vinte e um,não perdera a classificação de um jovem sério.
Se atualizara em vestimentas de marca,que ostentava somente um gosto,um refinamento.
Seu terno e seus sapatos,denotavam ser uma pessoa de posses,mas tal afirmação de resumo a sua pessoa,era efêmero ao seu ver.

Como todo vampiro que fora criado em qualquer época,escolheu seu nome após o batismo das Trevas.Sua mestre,lhe contribuíra ainda mais para com seu comportar "vigiado".



Nosfírus ainda não sabia o que fazer com a jovem.Resolve então ler um pouco de sua mente.Suas memórias e experiências,são contadas involuntariamente a ele.
Às vezes,algumas risadas de Nosfírus,outrora um balançar de cabeça,uma repreensão.
Em nenhum momento,há o esboço da passagem de outro mortal pelo local.
O Tédio,dissera uma basta ao imortal.

Mas,uma nova degustação, estava descartado.Isso ele não mais fomentava.A satisfação era clara em seu pensamento.
Qual seu desfecho a ela então,se indagou.
-Acorde e vá embora daqui.

A premiada jovem se levante e cai ao seu assustar.Sem entender "seu  apagar",observa sua amiga morta com a garganta cheia de sangue no chão.Quase ao seu lado após sua queda.
-O QUÊ? O QUE ACONTECEU?

Com apenas um singelo e curto olhar para ela,um tímido virar de face,diz:
-Vá.
-Corra e não olhe para trás.

Ela obedece sem qualquer confrontação ou pergunta incisiva.


Nosfírus,havia "usado"a Navalha de Occam(qualquer problema aparentemente sem solução ou explicação lógica;a resposta ou solução mais simples,é a correta)
Mesmo em fuga,correndo em disparada,ele ainda lê seu "último" pensamento.
Ela pensara;
-Se é o que eu estou imaginando,"eles" não matam somente pelo matar.Sem uma razão ou cometimento. O Mal apenas pelo Mal.
Eles se alimentam dos mais fracos ou será que é por uma escolha acidental.?
MEU DEUS "eles" existem!!


Ela jamais saberia,mas as visões dos locais e pessoas com que ela estivera,vistas por Nosfírus em sua mente,entre as muitas, era que a avó da jovem,havia sido o amor de sua vida antes de seu novo nascer.
Ele jamais esqueceria seu rosto mesmo alterado pelo tempo,sua voz envelhecida e agora doente.

Uma nova prova de amor ,consideração aos velhos e saudosos tempos mortais.
A jovem lembrava muito sua avó na aparência, no momento que Nosfírus a viu naquele primeiro momento de sua chegada,por isso a deixou em segundo plano.
Mal sabia que a confirmação viria de uma forma simples e direta.

De uma forma ou de outra,todos estamos ligados em uma mesma teia.O Passado Tempo,é um aproximar, mesmo do já distante.







By Santidarko



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