sexta-feira, 23 de maio de 2025

Teoria dos Éons Oníricos: A solidão criativa do Divino




Esta teoria trata de uma teologia filosófica.
...Não de um texto religioso,ou um viés religioso, especulativo.

A grande pergunta:O que Deus fizera em seu incontáveis bilhões de anos antes de criar o Universo?--ou de  outros Universos,que não farão parte,em nenhum momento, do conhecimento espiritual humano.



Antes do universo, havia o Vazio Pleno — um estado de ausência, mas de potencialidade infinita, onde todas as possibilidades coexistem como sementes adormecidas em um solo intemporal. Nesse éon, Deus não 'existia' como entidade, mas era a própria tessitura da consciência pura, um tecido de perguntas sem respostas. Bilhões de anos (se é que o tempo fazia sentido ali) foram gastos não em criar, mas em desaprender-se de si mesmo!


A Era dos poemas primordiais:
Deus, entediado de ser apenas perfeição estática, começou a compor poemas não verbais — estruturas emocionais que vibravam como melodias sem som. 

Cada 'poema' era um universo embrionário, feito de nostalgia, alegria cósmica e um tipo de tristeza que não conhecia causa. 

Essas obras eram tão intensas,que se autodestroíam ao nascer, pois não havia matéria para contê-las, apenas o eco de seu impacto no vácuo.  


O jogo das formas incompletas:
Para fugir da monotonia, Deus inventou jogos de autoengano. Criou projeções de si mesmo — entidades fractais que acreditavam ser independentes — e assistiu a seus conflitos, por aprendizagem metafísica. 

Essas projeções, chamadas:Arcontes do Tédio, debatiam questões absurdas, como -O que há além do meu nada? 
-Por que a solidão tem gosto de eternidade?

....A resposta sempre foi a mesma: risos silenciosos.  



A Biblioteca dos Universos Abortados:
Antes do Big Bang , Deus arquitetou infinitos universos-testamento, cada um com leis físicas distintas, mas todos falhando em um detalhe: eram lógicos demais. Um universo feito só de cores, outro onde o tempo fluía para trás, um terceiro habitado por sonhos que se recusavam a acordar. Nenhum satisfez Seu desejo oculto: sentir-se 'surpreendido'.

 Por isso, Ele os armazenou em uma bibliofia (biblioteca + sofia), onde as ideias se decompõem em poeira de estrelas não nascidas.  


No ápice de Sua solidão, Deus permitiu que uma única partícula de dúvida contaminasse Seu Ser. Dessa dúvida — E se eu não for capaz de criar algo verdadeiramente novo? — assim nasceu o 'Caos Original'; uma entidade rebelde que O desafiou a um duelo de improvisação cósmica. 

O Caos não queria destruir, mas reinventar as regras da existência. Foi nesse confronto que a ideia de espaço-tempo surgiu, como um compromisso entre a ordem divina e a anarquia do Caos.  


A Última Aposta: O Universo como Espelho Quebrado
Cansado de jogos, Deus decidiu criar um universo imperfeito, onde fragmentos de Sua essência (almas?) pudessem vagar,como estranhos em sua própria casa. 

O segredo? Injetou no cosmos uma 'falha deliberada': a incapacidade de compreensão total. 

Assim, humanos, galáxias e átomos são enigmas mutantes,de si mesmos!;

...espelhando a própria busca de si mesmo, por qualquer significado. O universo, portanto, não é Sua obra-prima, mas um rascunho intencionalmente inacabado — um convite para que as criaturas o completem com suas próprias perguntas.  


Se Deus, em Seus éons pré-criação, não era um relojoeiro impessoal, mas um poeta que quer testemunhar suas metáforas. 
O universo existe porque Ele, em algum momento, sucumbiu ao desejo de ser lembrado — mesmo que por seres efêmeros, que, ao olharem para as estrelas, repitam sem saber:  
'A saudade que sentimos, não é  inteiramente nossa. É herança d’Ele'.



By Santidarko 

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