PERSONAGENS
Vicky Lawson
Victoria “Vicki” Ann-Smith Lawson parece ser uma adorável, quieta e gentil menina de 10 anos, mas na realidade ela é uma andróide na forma de uma menina humana que serviu de modelo. Seu nome Vicki, vem de V.I.C.I. (Voice Input Child Identificant). Construída para ser uma robô para trabalhos domésticos pelo gênio de cibernética Ted Lawson da empresa United Robotronics, perto do Vale do Silício, ela foi trazida secretamente à sua casa a fim de testar seu desempenho no mundo real. Para realizar tal coisa secretamente sem despertar suspeitas, os Lawsons são forçados a não tratar Vicki como um objeto, mas como uma menina humana normal o que acaba gerando situações engraçadas. Para o mundo, Vicki nasceu e cresceu na cidade de Victoria em Seychelles onde ela supostamente ficou órfã e foi criada por freiras depois que seu pais, Jim e Pat Smith, morreram em um acidente de avião, sendo adotada pelos Lawsons. Programada com a personalidade básica de uma menina de 10 anos, Vicki parece não ter personalidade; ela é uma “criança” taciturna (calada), obediente e possui uma voz monótona e um pouco nasal, executando o que lhe é mandado de forma literal (interpreta tudo ao pé da letra). Enquanto a inteligência artificial de Vicki ainda não está completamente desenvolvida, o Programa de Emulação de Personalidade dela (PEP), lhe faz perceber e incorporar o modo como as pessoas se comportam socialmente. Trabalha-se bastante para enganar as pessoas da Grant Junior High (escola onde as crianças do seriado estudam), que acham que Vicki não passa de uma estranha e sombria nerd (CDF), entretanto é a beleza dela que faz todo o trabalho, fazendo com que muitos meninos se apaixonem por ela e não prestem atenção à cortês indiferença dela em relação a eles. Quase sempre vestida como uma empregada, Vicki não tem toda a personalidade formada, entretanto ela tende a imitar a atitude das pessoas visando incorporar as características boas dos humanos no PEP. Por ela não ter sido plenamente aperfeiçoada, freqüentemente executa gafes (passa por situações constrangedoras) como fazer "saladas lançadas" (tipo de prato feito com legumes) lançando legumes no ar, isso devido à interpretação ao pé da letra. Por isso ela deve ser assistida, observada regularmente pela família. Fisicamente Vicki tem cabelo realmente humano, pele celular-plástica protéica, é desumanamente rápida e imensamente forte para o tamanho dela (às vezes de forma totalmente exagerada) e tem sensores eletrônicos que substituem as capacidades humanas de distinção das coisas ao redor. Ela possui energia atômica devido a um gerador chamado Radiothermoionic Generator (RTG); possui um painel de controle para fazer a manutenção cujo acesso se dá através de um painel localizado nas costas da menina e um receptáculo de 220 volts debaixo da axila direita, uma porta serial RS-232 debaixo da axila esquerda pela qual Ted a une ao computador na hora de programar ou fazer ajustes na memória dela. Ela é anatomicamente correta e tem um interruptor de emergência localizado debaixo do couro cabeludo onde se encontra uma tampa. A situação de Vicki dentro da casa dos Lawsons se alterna entre um amado bicho-de-estimação e uma menina adotiva; os Lawsons a guardam em um guarda-roupa quando todos da casa vão dormir e a deixam comer à mesa com eles (devido a um mecanismo futuramente instalado) para parecer mais humana socialmente, e até gastam dinheiro levando Vicki em viagem de férias, embora, por se tratar de uma robô, ela não se divirta muito. O amadurecimento de Vicki passando de um autômato (um robô) sem personalidade para uma “quase humana pré-adolescente”, no seriado, foi uma boa maneira de se saber como se comportaria uma V.I.C.I. construída com os recursos tecnológicos, hoje arcaicos, da década de 80.
Ted Lawson
Socialmente desajeitado, Ted Lawson nasceu e cresceu na Flórida e depois foi transferido para Cal Tech onde conheceu sua esposa Joan numa faculdade onde ele era alvo de brincadeiras e caçoadores cruéis. Ele é comprovadamente um gênio em cibernética e a paixão da vida dele é criar um criado automatizado que poderia ajudar nos afazeres domésticos, ir à escola, trabalhar em clínicas, em asilos, poderia ser cozinheiro-enfermeiro-segurança-empregada ou apenas um companheiro. Entretanto sua vida social acaba ficando comprometida pois ele passa tanto tempo aperfeiçoando Vicki para que se torne cada vez mais parecida com uma humana, que esquece de seus deveres de pai de família. Ainda bem que existe Joan, sua esposa, para garantir a estabilidade do lar. Ao contrário da maioria dos criadores de andróides na ficção, Ted nunca pretendeu construir Vicki para agir como um ser humano comum; para ele, o exterior humano de Vicki era somente uma necessidade comercial pois a forma de uma criança dá uma aparência amigável ao robô, contrariando o conceito da época de Star Wars onde os robôs eram feios como R2-D2. Porém, como Vicki é capaz de se atualizar infinitamente, Ted acaba especulando que um dia Vick possa a vir ser dotada de valores humanos, emoções ou até mesmo de pensamento. A inspiração dele para criar Vicki parece ser a obsessão de criar um robô diferente daqueles que estamos até hoje acostumados: que montam carros. Ironicamente, Ted apresentou Vicki primeiro ao presidente da companhia dele, Sr. Jennings, que não expressou nenhum interesse no provável potencial dela pois ele estava tendo um dia muito ruim. Ted mantém Vicki em segredo pensando em um dia produzir V.I.C.I.s por conta própria, sendo que se deve tomar cuidado para que potenciais concorrentes não tão cegos quanto Jennings, descubram seu segredo. Além de mexer em equipamento tecnológico, outra paixão de Ted é o golfe (na vida real, o ator que retrata Ted Lawson, Dick Christie, também gosta de golfe). Os pais da zona rural de Ted Lawson, Bill e Martha Lawson de Omaha, acabam sabendo que Vicki é uma andróide e, depois de um começo difícil, acabam aceitando Vicki como se fosse uma neta deles.
Joan Lawson
Loira esperta, Joan Lawson, esposa de Ted Lawson e mãe de Jamie Lawson, é a matriarca da família Lawson. Na Califórnia, ela conheceu Ted na faculdade onde ela era líder de torcida. As pessoas desejam saber o que Joan viu em Ted para querer se casar com ele. Como Ted, Joan tem poucos amigos e prefere passar seu tempo lendo, cozinhando e ficando de olho em Jamie. O desenvolvimento de Joan de uma simples dona de casa na primeira temporada para professora premiada e corretora de imóveis ao final da série, é creditado à atriz Marla Pennington que faz o papel da personagem. A relação entre Joan e Vicki é mais intensa e íntima que entre Vicki e qualquer outro personagem. Ela considerou rapidamente Vicki uma filha em todos os sentidos e, de algum modo, ela parece levar o fato de Vicki ser uma robô com a mesma indiferença que se demonstra em relação a uma criança que usa suspensórios. Joan e Vicki formam uma verdadeira dupla dinâmica na cozinha. Esta relação de mãe e filha foi bastante explorada na série. O pai de Joan, o médico viúvo Jim Anderson, também acaba sabendo o segredo de Vicki, mas ternamente a aceita como uma neta.
Jamie Lawson
O garoto rechonchudo Jamie Lawson, filho de Ted e Joan Lawson, estuda na escola Grant Junior High e se auto proclamou o terror das mulheres. O grande objeto de amor de Jamie na escola é a loira Jessica Hodges. Amante de basquetebol e milk-shakes, Jamie não tem inclinação para seguir os passos do pai Ted, ao invés disso, ele almeja uma vida de aventuras e jogos esportivos da mesma forma que seu melhor amigo Reggie Williams. A relação de Jamie com Vicki é um tanto ambígua. Embora Jamie seja altamente protetor e atento ao que Vicki faz na escola e sempre está pronto para dar uma desculpa esfarrapada para as gafes (as pisadas na bola) que a menina comete. Porém, em casa, ele a considera puramente como um robô e a trata como tal na hora de mandá-la fazer tarefas pesadas e limpando o quarto dele, contudo ele sempre ordena que ela se vire sempre que ele troca de roupa como se ela fosse uma irmã de verdade. Ele constantemente afirma sua condição de mestre dela (“O Grande J” como ele mesmo fala) e aprecia o papel serviu dela. Sabiamente ou tolamente, os pais de Jamie guardam Vicki no armário do quarto dele, e não seria espalhafatoso assumir entretanto que, para um menino de treze anos, Vicki não passaria inicialmente de uma boneca enorme e dócil e que seria difícil de acreditar que ele não tivesse planos reservados para ela.
Harriet Brindle
Curiosa e hiperativa por natureza, Harriet Brindle, filha de 9 anos de Brandon e Bonnie Brindle, é o karma de Jamie Lawson, contudo é sua fiel amiga na maioria das vezes. Harriet tem uma eterna fixação ou possessão por Jamie e vive sonhando em se casar com ele e chama os pais de Jamie de “Mãe e Pai”. Ficando brava devido ao evidente desinteresse de Jamie em relação a ela, Harriet tem veementemente ciúmes de qualquer menina que desperte o interesse dele. Sua paixão por Jamie não é nem um pouco discreta pois ela vive perguntando na escola bem alto para todo mundo ouvir - Onde está o meu homem? – deixando o menino morto de vergonha. Harriet se insinua como a “melhor amiga de Vicki” aproveitando que a menina robô responde a qualquer pergunta que Harriet faça (embora ela não saiba que Vicki é uma andróide - só mesmo uma robô sem emoção para suportar uma menina tão chata e bisbilhoteira como Harriet), representando um verdadeiro tesouro para uma menina curiosa em saber da vida do povo como Harriet. Ela possui um quarto infantilizado ao extremo repleto de bonecas; é pouco provável que, com essas qualidades, alguém a leve a sério.
Vanessa Lawson
Vanessa Lawson é a gêmea mais avançada de Vicki e é “Semente Ruim” portando uma revolucionária Inteligência Artificial (I.A.). Arrogância, impulsividade e vaidade são algumas das características presentes nela. Dotada de uma voz humana normal dada por uma verdadeira área vocal, Vanessa, diferentemente da dócil Vicki, possui uma personalidade arrogante e impetuosa porque o ânimo dela foi ampliado e aumentou sua habilidade de imitar o comportamento real das meninas. Ela tem uma habilidade limitada para julgar e tomar decisões sensatas e tem um grande senso de estética criticando estilos de roupa e decorações de cozinha por exemplo. Infelizmente, incorporar o comportamento social de meninas humanas é muito mais fácil que incorporar os padrões éticos, assim, a personalidade dela é cruel. Astuta e enganosamente recatada, ela olha desdenhosamente para Vicki como uma boba. Por causa da formidável velocidade e força de Vanessa, os Lawsons só a conseguem subjugar através de um artifício. Vanessa age mais como uma rebelde sem causa que como renegada delinqüente juvenil e Ted percebe que ela se sente subestimada potencialmente pelo fato de fazer trabalhos domésticos, assim, ela é banida de tais trabalhos. Durante a série, Vanessa só aparece duas vezes.
TEMA DE ABERTURA
She's a small wonder, lovely and bright with soft curls
She's a small wonder, a child unlike other girls
She's a miracle, and I grant you
She'll enchant you with her sight
She's a small wonder, and she'll make your heart take flight
She's fantastic, made of plastic,
Microchips here and there
She's a small wonder, brings love and laughter everywhere
Tradução:
Ela é uma pequena maravilha, graciosa e brilhante com suaves cabelos encaracolados
Ela é uma pequena maravilha, uma criança diferente das outras garotas
Ela é um milagre, e eu garanto à você
Ela vai encantar você com seu olhar
Ela é uma pequena maravilha, e ela vai fazer o seu coração levantar vôo
Ela é fantástica, feita de plástico
Microchipes aqui e ali.
Ela é uma pequena maravilha, e leva amor e gargalhadas em todo lugar
CURIOSIDADES TÉCNICAS
Quando Howard Leeds teve a idéia de criar Vicki, ele havia sido influenciado por videogames e robôs primitivos de décadas anteriores à de 80 e corretamente assumiu que, assim que o avanço dos robôs domésticos começasse a ganhar força, eles não seriam bem-vindos dentro das casas até que parassem de se assemelhar a meros aspiradores de pó ou aranhas metálicas. Intimamente ligado aos setores de efeitos especiais de Hollywood e audio-animatronicos, Leeds soube que criar o corpo de Vicki não seria tão difícil, nem criar uma máscara natural feita de látex real o bastante para passar em uma avaliação. Ele argumentou que se Hollywood pudesse criar algo fisicamente próximo ao corpo de Vicki, o que os recursos combinados do país (United Robotronics) conseguiriam fazer também? Isto é mostrado perfeitamente na 1ª Temporada de Vicki. Para uma visão mais aprofundada dos detalhes técnicos, leia a seção "Vicki em Dunahue", paródia que será postada em breve neste site.
Consultores técnicos para o show, armados com pesquisa teórica de marketing para riscos financeiros, concordaram com Leeds que havia uma esmagadora preferência geral por robôs antropomorfos (com aparência humana) no ambiente doméstico e o fator preponderante foi a idéia de amizade familiar. Embora intrigante, Leeds, não desejando um "live-action" dos Jetsons, quis saber o que era possível ser feito com a última geração em tecnologia anos 80 em designe de andróide, tendo verba ilimitada para aumentar a credibilidade de seu robô em um seriado contemporâneo de comédia. Isto não era nenhum ponto secundário se alguém comparasse o show à descarada fraude da Disney "Not Quit Human", de 1987, (no Brasil, o filme é conhecido como "Adorável Andróide"), cujo andróide adolescente mostrava poder de raciocínio quase humano e boa flexibilidade emocional no mundo moderno, sendo o oposto de Vicki, cujas limitações a tornam fiel do que é realmente possível em se tratando de inteligência artificial. O efeito basicamente inabalável de Vicki foi exato, mas exigiria um irônico preço para a atriz.
Muitos andróides e robôs de ficção são anacrônicos (fora de moda), revelando capacidades tecnológicas muitas vezes em excesso. Vicki foi planejada para retratar o tipo robô andróide "possível" nos anos 80, abaixo do esforço do Projeto Apollo (que colocou o homem na Lua): um robô que fosse móvel, tivesse reconhecimento óptico e de voz, e um apanhado de destrezas. Na 1ª Temporada, Vicki se mostrou bem próxima da predição feita pelos consultores técnicos da história vindo de Stanford e CalTech, exceto por dois fatores: foi reconhecido que a tecnologia IC não seria suficiente para condensar o processamento visual dos computadores e a memória deles no tamanho do crânio de uma criança antes do ano 2000, e foi sugerido que a CPU de Vicki seria uma criação da empresa de Ted Lawson, unindo seu corpo e mente através de ondas de rádio. Isso foi seriamente considerado e finalizado pelo que, como os produtores disseram, essa macabras implicações de dessecamento cerebral. O subproduto sobrevivente desse conceito foi Ted terminantemente precisar viver no quarto fazendo periodicamente downloads de memória diários e salvando tudo no PC, como se vê no episódio 39, "Class Comedienne" (A Comediante).
No episódio piloto, a produção originalmente queria alugar um robô audio-animatrônico utilizado na produção de Alice no País das Maravilhas (1985) de uma casa de efeitos especiais, que faria o papel de Vicki desmontada, mas despesas proibitivas forçaram os produtores a fazerem isso com um inconveniente manequim de loja. Existiram então notáveis falhas técnicas que cartas enviadas por fãs especialistas no assunto logo retificaram, examinando como Ted menciona que os olhos de Vicki são células solares. No episódio 47, "The Wedding" (O Casamento), é corretamente decidido que o sistema ótico de Vicki utiliza foto-receptores com carregador acoplado (hoje comumente utilizado em máquinas fotográficas digitais), e no episódio 30, "Jamie's Older Woman" (A Mulher Mais Velha de Jamie), que ela é motorizada por um RTG, ou Radio Thermonic Generator (Gerador Rádio Térmico), similar aos utilizados em marca-passos nucleares, sondas espaciais e monitores polar. Fazer uma Vicki de propulsão nuclear foi uma afirmação lógica corajosa já que ser anti-nuclear na TV é mais politicamente correto.
A MENINA POR TRÁS DE VICKY
Encantadora e adorável, mas uma estraga-prazeres para a concorrência, Tiffany Brissette foi a garota escolhida para o difícil papel de incorporar uma menina robô no seriado Small Wonder (Super Vicki). Tal papel lhe foi confiado devido à equipe de funcionários e roteiristas quer confiaram em seu talento precoce.
Sendo a primeira a chegar ao set de filmagem a fim de que seus cabelos (muito cheios) pudessem receber tratamento adequado para encarnar a menina robô e também devido à arrumação dos trajes, Tiffany (Vicki) era, nos bastidores, uma criança muito educada, alegre, espirituosa, mas, ao mesmo tempo, reservada. Diferente de Dick Christie (Ted Lawson) que era um pouco descuidado e muito brincalhão, ou Marla Pennington (Joan Lawson) que era um tanto introspectiva e meio desligada, ou Jerry Supiran (Jamie Lawson) que era endiabrado, ou Emily Schulman (Harriet Brindle) que era super agitada, Tiffany refletia a discrição, quietude e seriedade dos produtores. Como se estivesse em constanteScript reading aprendizado, Tiffany era perfeccionista, bastante cordial e recíproca com o carinho das pessoas tão bem quanto lê o script, mas não gostava quando acabava se enrolando em alguma cena e, às vezes, ficava visivelmente irritada quando alguém fazia uma cena em tom de brincadeira, tendo que repetir tudo de novo. Seu interesse era até compreensível no contexto de que Super Vicki era o "seu programa", mesmo que ironicamente a participação de sua personagem fosse pequena em comparação ao restante dos personagens principais.
Ela era consciente de sua pequenez em se tratando de estágios e escolas de teatro, então, um ano antes de começar o espetáculo, ela se viu forçada a amadurecer além de seus anos de modo a não figurar "como uma pequena criança". Isto não era uma questão Tiffany as herself on the Small Wonder setde vaidade, especialmente em Hollywood onde não se poderia imaginar, por exemplo, os produtores no teste de atores de Beverly Hills 90210 (no Brasil, Barrados no Baile) falando na escalação de Super Vicki "Você é perfeito, mas nós não podemos ter nossos atores se comportando como crianças do primário". Horas extras de trabalho, fama, e algumas vezes recepções não muito amigáveis feitas por colegas da escola, ciumentos devido ao sucesso da garota, fizeram de Tiffany uma menina mais cautelosa e retraída, principalmente na última temporada, mas felizmente não muito defensiva. Por fim, seu jeito imaturo acabou sendo moldado rapidamente e essa precocidade acabou destacando Tiffany dos demais atores mirins da época e a ajudou a despertar confiança na hora de ser contratado por empresas publicitárias, contribuindo para seu rápido sucesso em comerciais.
É bastante provável que toda menina que fosse ser escolhida para interpretar Vicki Lawson teria que ter um pouco da personalidade de Tiffany Brissete pois o papel da menina robô era algo inédito na TV e considerado difícil de se fazer. Não se pode imaginar, por exemplo, as atrizes principais dos seriados Blossom, Punky Brewster ou mesmo Moesha se fazendo de coadjuvante e servindo de suporte para os outros personagens (daria muita briga), mas Tiffany Brissette se prestou a esse papel sem reclamar. A frustração de apenas servir de suporte deve ter pesado e muito na carreira de Tiffany após o seriado Super Vicki, embora isso nunca a tenha frustrado (jamais sequer discutiu com alguém sobre alguma possível insatisfação, ao contrário do que alguns fazem), embora ninguém a culpasse se assim o fizesse. Poucas garotas ingênuas e provavelmente nenhum ator mirim veterano teria aceitado, muito menos suportado, o papel inédito e difícil sem reclamar, já que alguns atores da mesma categoria estavam atrás de trabalhos merecedores de prêmios. A mãe de Tiffany era uma mulher super devotada ao trabalho da filha e bastante animada também. As pessoas logo viram de onde Tiffany tinha herdado seu humor, cortesia e força.
Além de possuir um caráter luminoso, Tiffany era muito inteligente no senso técnico de compreensão e aceitação dos limites que existem por trás do papel de robô e curiosamente ela acabou se tornando autodidata em assuntos relacionados à robótica e computadores em geral. Uma situação memorável em que ela, durante um show beneficente de nome Putting on the Kids onde, de improviso, Brissette encarnou a personagem Vicki e fez, de forma bem séria, uma observação técnica sobre computadores. Isso foi um tanto assombroso e mostrou o tipo de pessoa que ela era, especialmente quando havia pessoas do meio artístico que eram semelhantes a ela: "Eu nunca pude brincar com isso!" disse uma vez. Tiffany também zombava de si mesma quando interpretava Vanessa Lawson ("irmã" gêmea má de Vicki), quando ela imitava, de forma irônica, o jeito de Vicki se comportar nos episódios ""The Bad Seedling" and "Hooray for Hollyweird."
Para a maior parte dos roteiristas, em especial os do tipo independente, havia um consenso de que o papel de Vicki era bastante limitado para Tiffany e eles sempre procuravam colocar cada vez mais linhas de fala e tentavam adaptar tudo dentro das restrições impostas por Howard Leeds (o criador do seriado) e do formato juvenil do espetáculo. Uma solução foi Vanessa Lawson, entretanto Tiffany e o elenco em geral não foram informados sobre o intento de se adicionar o grande (mas futuramente frustrado) papel da arrogante Vanessa e, em especial, sobre algumas idéias que circulavam fora do show. Até mesmo a confiante Tiffany saltaria e cairia de joelhos jurando ter ela captado ventos de maturidade nos scripts com Vicki no formato de Vanessa que regularmente lançou Leeds (o "pai" do seriado) para fora da cesta, mas os roteiristas brincam uns com os outros, até mesmo sobre conceitos fascinantes. Há um debate, comumente rotulado de "Sabores de Tiffany", no qual a mítica 5ª Temporada iria sugerir que Ted Lawson criaria várias encarnações de Vicki e as dispersaria para amigos ao redor do mundo como forma de teste - versão Beta. Você teria uma Vicki japonesa, alemã, indiana, argentina, queniana e assim por diante... Todas sendo feitas por Tiffany Brissette e que seriam mostradas em cenas curtas, mas engraçadas. Imagine os episódios "I Dream of Vicki" (paródia do seriado Jeanne é um Gênio) e "Geisha Vicki" lado-a-lado, onde Vicki interpreta uma árabe e uma japonesa respectivamente, e você teria uma idéia de como seria isso. Teria sido caro em termos de sets de filmagem e guarda-roupa e também seria bastante penoso para Tiffany o uso de maquiagem que seria bastante exagerado, principalmente para as personagens africana e indiana, mas isso faria do seriado um completo show de variedades e seria divertido ver Tiffany agir de tantas maneiras, entretanto sou a favor de que, se ao invés de Vicki, Vanessa fosse utilizada, isso proporcionaria à Brissette um aprendizado maior sobre relações humanas e aumentaria ainda mais sua naturalidade na interpretação de papéis.
Havia muita maturidade sociológica, filosófica e até mesmo conceitos de teologia que nunca haviam sido notados em Super Vicki ou em qualquer outro espetáculo. A raridade de se ter um TV Show estrelado por um robô (inusitado talvez em todos os conceitos de televisão) atesta essa singularidade e dificuldade, o que naturalmente torna a possibilidade de um "revival" bastante viável. Basta que haja atores, interesse e, de preferência, Howard Leeds para dirigir, da mesma forma que fez com projetos semelhantes, como no caso de seriado Different Strokes. Naturalmente, se a idéia de um revival do seriado Super Vicki fosse estivesse sendo projetado, haveria também a seguinte questão: Tiffany Brissette seria escalada mais uma vez como Vicki ou até mesmo estaria disposta a fazê-lo?
O vendaval de popularidade em que os atores mirins são submergidos é um ambiente difícil de se imaginar para aqueles que estão do lado de fora. Durante as produções e até mesmo nas férias, as estrelas são obrigadas a se fazer presente em vários lugares, de Telethons (Shows beneficentes) e hospitais a Shoppings e Parques de diversões. A esmagadora adoração das pessoas em gritar visando estar próximas ao seu ídolo, pegar na mão e pedir um autógrafo, para um artista, significa uma precipitada emoção em saber que você é reconhecido e desejado, habitando tantos corações. Mas quando o seriado termina, o choque e a perda de posição é, para a criança, como um peru que acabou esfriando. Até mesmo o oferecimento de papéis de 5ª categoria em uma nova série raramente infla o antigo amor próprio. Alguns atores infantis tentam se afundar em impróprios papéis adolescentes (A fé de Tiffany e amor próprio teria evitado ofertas de trabalho do tipo Long Island Lolita) e alguns nunca conseguem fazer nada além disso, e a maioria nunca consegue consegue se desvencilhar do fantasma de ator mirim e jamais consegue ser escalado para papéis maduros. A produção de Super Vicki cobriu por baixo uma nuvem de atordoantes e amargos sentimentos relacionados a vários fatores internos e conflitos, tanto de ordem pessoal quanto criativa, de maneira que várias coisas teriam que mudar para que um revivel de Small Wonder (Super Vicki) fosse algo próspero. Lembre-se: A maioria dos atores sempre estão à procura de trabalho, mas a qualidade da oferta é que acaba despertando o interesse deles. Acredita-se que, se formar, de maneira impessoal, uma equipe de roteiristas e consultores tecnológicos para sentarem com produtores interessados e jogarem fora a idéia de "Forma perfeita" (que é sem variações), Tiffany realmente se interessaria em participar de uma nova versão do papel que ela mesma foi pioneira. Isto ofereceria, além de um retorno, uma forma dela ajudar, através de sua experiência, as crianças que fossem escaladas. Isto ofereceria a ela um retorno àquela performance que poucos atores mirins conseguiram alcançar.
Duvide disso! Não poderia haver retorno de Tiffany como Vicki ou como Vanessa; alguma outra garota PEQUENA e talentosa merece uma chance de pegar o legado deixado por Tiffany e fazer sua caracterização. Uma Vicki adulta eu duvido que seria tão bem aceita na pesquisa de mercado quanto o antigo modelo (criança-robô), particularmente em se tratando de um papel que se refere a uma criança que se mete em situações inconvenientes e engraçadas; seria algo como pegar a setentona Julie Newmar e mandá-la fazer de novo o papel da sexy robô Rhoda no seriado My Living Doll (1964-1965). Embora ela tenha sofrido um choque assim como os outros membros do elenco (exceto Supiran) ao escutar que a 5ª Temporada seria descartada, eu duvido que interpretar uma andróide novamente despertaria o interesse de Tiffany (o papel que determinou o fim de sua carreira), entretanto isso não necessariamente a lança fora dos membros de produção, especialmente se ela fosse relançada como a criadora de uma nova Vicki ou no papel de Joan (a mãe), que estaria contribuindo como coadjuvante de Vicki e da Família Lawson. Outra possibilidade é Tiffany interpretar uma cybercientista solitária que faz um teste Beta de uma "nova" Vicki/Vanessa, com alguns mecanismos e interação social entre ela e os humanos e também outros robôs. Se alguém tranqüilamente quiser ver Tiffany em um papel de andróide, a única situação que se possa imaginar seria ela interpretando isso em outro "reino", talvez em um remake de The Questor Tapes (seriado de 1974), no papel de uma avançada Ginoide (andróide feminina) ajudando o mundo em quanto aprende a ser cada vez mais "humana". Assombroso, não?! rsrs. Isso teria um potencial de ação-drama que os atores gostam. Uma palpite de porque acha-se que ela aceitaria esse tipo de papel é que, no princípio, Tiffany entrava em ação esperando atuar como uma garotinha normal, mas acabou atuando de forma muito diferente, com um personagem nada convencional, e acredita-se que ela, tendo aceitado papéis nada convencionais que são muito lembrados induziria Tiffany a continuar buscando esse tipo de personagem. Até mesmo pessoas que odiavam o seriado Small Wonder, hoje estão propensas a recordar o show e até mesmo o nome VICKI; Duvido que, depois de todo esse tempo, eles recordassem episódios, muito menos nome de personagens em outros programas que eles também tivessem essa mesma aversão.
Claro que Tiffany necessita de chance e idéias de qualidade para poder se aventurar em tudo isso, e, acima de tudo, um programa que tenha chances de alavancar audiência e somente com a contribuição dos fãs pode-se fazer isso.
POLÊMICA
VICKI: A PERFEITA PRINCESINHA DO PAPAI
Na década de 80, quando Super Vicki (Small Wonder) passava na televisão, muitos pais fãs do seriado escreveram insistentemente para a emissora, falando sobre como seria excitante ter uma andróide como aquela em casa. Vicki parecia despertar a síndrome da "princesinha do papai".
Vicki representava o ideal de filha perfeita; ela era tão inteligente quanto um computador, podendo assimilar grande número de informações mais do que qualquer criança normal além de ter um alto nível de maturidade (ela não ficava chorando pedindo para o pai comprar tal brinquedo, não xingava, não bagunçava a casa, etc.) o que parecia excitar os pais que assistiam ao seriado na época; parecia que os bio-filhos (os filhos biológicos) eram inferiores se comparados à menina robô.
A pequena andróide tinha a capacidade de nunca questionar as ordens dadas pelos “pais” (obedecia que nem um cachorrinho). Este é outro motivo para se admirar com a idéia de se ter uma menina andróide em casa. Muitos pais sonham em ter um filho sempre obediente às suas ordens pois, por eles já terem vivido muito mais tempo que eles, acham que podem ser mais críticos em relação à vida que os adolescentes. Vicki poderia se tornar ou fazer o que eles desejassem. Os pais imaginavam ter uma Vicki andando pela casa (tipo animal de estimação), ajudando nos afazeres domésticos ou fazendo compras. Seria muito mais prazeroso ter uma menina bonita com rosto rosado que ajudasse o encantado pai a levantar o carro com sua extraordinária força e examinasse o veículo para corrigir problemas mecânicos ou carregando os tacos durante uma partida de golfe. Mais que um membro familiar, parece que os pais transformariam a menina robô em um escravo pessoal.
Não só pelas qualidades de filha, a pequena andróide atraía o público masculino pelo que ela tinha por dentro. Por trás da menina graciosa, se esconde uma tecnologia bastante complexa que até hoje, passados 20 anos, a humanidade não conseguiu imitar. Um retrato disso é Ted Lawson; o “pai” de Vicki dedica mais atenção à ela que ao próprio filho, Jamie Lawson, pelo fato da menina ser uma andróide. É como acontece com alguns pais que passam mais tempo cuidando do automóvel que com o filho só que no caso de Vicki, há muito mais coisas a serem trabalhadas pois, com o decorrer dos episódios, ela vai sendo aperfeiçoada para se parecer cada vez mais com um ser humano normal.
As possíveis relações entre ciber-filha e pai (ou melhor, dono), abre espaço para muitos intrigantes questionamentos. Talvez algumas das cartas viessem de pais que perderam um filho e ansiavam um futuro onde andróides (tanto masculinos como femininos) estivessem disponíveis para compra, sendo usados como substitutos para o(os) filho(os) que perdeu(ram) e que eles, os robôs, seriam crianças programadas para estarem sempre alegres, talvez se tornassem até melhores que o filho original.
Alguns pais com idade mais avançada questionavam sobre a perda da antiga feminilidade romântica das filhas adolescentes moderninhas, que mais pareciam garotos com sutiã. Instintivamente os pais anseiam por filhas “princesas”, mas, no clima unissex de hoje, as meninas se transformam em príncipes femininos rapidamente. Não que esses pais fossem chauvinistas e vissem Vicki como a “filha ideal” por passar a maior parte do tempo na cozinha; o principal lamento era com relação à perda da elegância e doçura feminina tradicional. Vicki representava o oposto à juventude moderna, ela representa o retorno da “princesinha do papai” e com uma vantagem: a princesinha nunca vira uma rainha, nunca envelhece. A não ser que eles comprem peças para uma robô adolescente
VICKI: O PESADELO DAS FEMINISTAS
O seriado Super Vicki (Small Wander) comprou, sem querer, uma forte briga pois irritou um grupo poderoso: o das feministas. As feministas ficaram irritadas devido ao comportamento de Vicki, vendo-a como o modelo “princesinha do papai”. Bonita, servil e eternamente criança, elas mandavam cartas para a emissora desprezando a menina robô com frases de ordem do tipo “Melhor ser condenada do que ser delicada!”. Vicki foi desprezada por adolescentes de vinte e poucos anos, mas não por anunciantes. Na segunda temporada, a andróide continuou com o mesmo comportamento de submissão, mas, para acalmar um pouco o ânimo das feministas, foi criada a andróide moderna nada submissa, Vanessa, "irmã gêmea" com um temperamento totalmente oposto ao de Vicki.
Uma ironia presente no público feminino era que o espetáculo manteve uma média de aceitação alta entre as mulheres mais velhas, principalmente mães. Pelas cartas, soube-se que várias mães, tias e avós imaginavam suas crianças gentis como Vicki e usando vestidinhos rendilhados que nem os dela ao invés de usarem "desprezíveis" camisas de moletom e tênis Reeboks.
Enquanto o conceito de mulher agressiva, nada submissa, e filhos levados virou um ícone nos dias de hoje, a imagem de uma menina quieta que transmite um charme antigo da época em que as mulheres eram mais delicadas, corteses e amáveis mexeu com os espectadores. Até mesmo os meninos de hoje de qualquer faixa etária tendem a preferir as meninas mais delicadas, e a Vicki personificava esse modelo de garota cada vez mais raro. Por isso a menina andróide era tão popular entre os espectadores masculinos de todas as faixas etárias, principalmente os pais. Isso irritou demasiadamente as feministas que enxergaram essa atração por Vicki uma reafirmação de valores chauvinistas arcaicos.
Mas o que provavelmente mais alimentou a ira deste pequeno grupo insatisfeito é o fato de que, apesar de todo o protesto, o espetáculo continuava dando grande audiência. Cidadãos mais velhos, insatisfeitos com o comportamento das crianças modernas, recordaram em Vicki uma imagem romântica vinda de épocas antigas (como nos anos 40 e 50) antes da era hippie, onde as crianças eram tão quietas, doces e prestativas quanto à criança robô da série.
Homens realmente costumam desejar que todas as meninas e mulheres sejam boas e dóceis como Vicki, e muitas pessoas, tanto homens quanto mulheres, manifestaram a vontade de ter uma em casa. Isso demonstra que, apesar de todas as mudanças ocorridas na estrutura familiar, até hoje o conceito de Família Dó-Ré-Mi* ainda persiste.
*Família Dó-Ré-Mi: seriado americano da década de 70 que mostra a vida de uma família considerada perfeita, onde tanto os filhos quanto os pais são amáveis e prestativos.
VICKI: A SUPER NETA
Os senhores de idade representavam, na década de 80, uma boa parcela dos fãs de Small Wonder. Não era exatamente Vicki “a andróide” que os atraiu, mas Vicki “a netinha” ajudante nos trabalhos domésticos, bonita e delicada, resumindo, a idéia de se ter um anjo que poderia cuidar deles na velhice. Peculiarmente, ele não gostavam de Vanessa, "irmã gêmea" de Vicki (“muito má” eles falavam). Até mesmo os acionistas majoritários da produção e anunciantes ficaram fascinados pelo espetáculo e isso contribuiu bastante para angariar patrocinadores. Um dos sócios chegou a dizer que a andróide tinha a inocência perpétua de um bebê e o charme eterno de uma criança ingênua. Ironicamente, ao contrário do que ocorreu com a maioria das mães, os fãs mais velhos não perderam de vista que o espetáculo se tratava das aventuras de uma menina robô e estavam concordando com os limites técnicos dela (o que dava à menina uma natureza mais robotizada) e não queria que Vicki se tornasse “humana demais” para não perder a fantasia do espetáculo. Uma explicação razoável para que esses senhores fossem tão receptivos com a idéia de uma andróide vem do fato de que muitos viveram o suficiente para ver as realizações desde Charles Lindbergh a Neil Armstrong e adoravam ver a ciência quebrando barreiras.
Além da fantasia, as possibilidades técnicas de uma “neta” andróide da vida real encantariam tanto os vovôs, que muitos diziam que forneceriam guarda-roupas inteiros e até mesmo quartos próprios para a pequena Vicki deles. Existem mães que compram mais de 100 dólares só em equipamentos para Barbie das filhas ou gastam milhares de dólares em bonecas de porcelana. Isto nos dá uma boa idéia do efeito trazido por uma criança andróide de verdade. Lançou-se até a idéia de como seria lucrativo para um asilo assumir o custo de, digamos, 50.000 dólares de um modelo de Vicki para substituir enfermeiras e ajudantes. O fato de se tornar enfermeira/empregada levaria muitos velhinhos a gastarem absurdos para ter uma Vicki (tendo o preço de um carro de luxo) e isso mostra como será lucrativo o mercado de andróides no futuro. Senhores de idade geralmente estavam dispostos a investir em tal andróide, visando ter uma combinação de enfermeira + segurança/guarda + empregada + cozinheira + bicho de estimação + companheira, tudo na forma de uma linda criança andróide. O episódio “Grandpa Lawson” (“Vovô Lawson”) puxou uma grande resposta para esta premissa. Vocês podem perceber com isso que, meio sem querer, o seriado Super Vicki funcionou como uma espécie de pesquisa de mercado para se saber quais as principais vantagens que um robô doméstico pode proporcionar e isso na arcaica década de 80. Um robô do tipo R2-D2 que aparece nos filmes Star Wars pode não ser descartado por ser feio, mas não é nada se comparado com uma andróide que, além de sociável, seja graciosa e o mundo vai ser fascinante quando a tecnologia conseguir se desenvolver de forma acelerada e começar a afetar o nosso meio social dessa forma. Se nós pensamos que os PCs (Computadores Pessoais) que compramos para a nossa casa são coisas variáveis, espera quando os primeiros andróides domésticos super tecnológicos chegarem em cena, quantos modelos para diversas funções irão surgir.
Por trás da fascinação exercida por Vicki, havia também bastantes idosos que amavam suas netas ou sobrinhas, mas que elas não eram tipo as crianças de antigamente, comportadas e prestativas para os trabalhos domésticos o que seria o ideal de criança para os vovôs e vovós. Na verdade, a pequena andróide restaurava mais uma vez esse ideal tão antigo de criança prestativa. Andróides do tipo Vicki representariam um fantástica opção de poder ter, além de uma criança que só envelheceria quando eles quisessem (com a adição de peças), uma neta super cortês e atenciosa, tendo uma personalidade que poderia ser escolhida ao gosto do freguês. Havia também a insinuação de que a andróide seria o melhor substituo para os bichos de estimação já que os mesmos não podem conversar com você.
Ressalto que, quando a tecnologia alcançar o patamar de se poder construir uma andróide tipo Vicki (robô com uma pseudo-personalidade e A.I. - Inteligência Artificial, com capacidade para conversar da mesma forma que uma pessoa de verdade, mas sendo sempre uma companheira leal), andróides no formato de criança poderiam se tornar peças indispensáveis nos asilos, onde robôs do tipo Vicki poderiam trazer notícias conseguidas via-internet para os idosos ou dar remédios na hora certa, encantando os velhinhos (mesmo os mais chatos que não gostam e evitam enfermeiras) com sua presença graciosa. Sem dúvida, não há melhor maneira de se poder curtir a velhice.
VICKI: A FILHA PREFERIDA DAS MÃES
O episódio “The Fearless Five” de Small Wonder mostra Joan Lawson ensinando Vicki a assar biscoitos numa bela cena de mãe e filha, se assim puder chamar, e, durante isso, Joan relembra a própria infância quando sua mãe a ensinou também a cozinhar. Depois que Joan termina de pensar nisso, ela olha pra Vicki de forma emocionada e a beija como se fosse sua filha de verdade. Isto é um perfeito retrato do que pequena robô representava para as mães.
Durante o seriado, a produção explorou algumas vezes essa relação existente entre Joan e Vicki. Para Joan, é sempre difícil aceitar que sua menina se trata, na verdade, de uma andróide criada por seu marido Ted Lawson. Tal relação jamais foi explorada por nenhum outro seriado existente, ou seja, tal tema é exclusivo do seriado Small Wonder.
Várias mães se tornaram fãs leais de Vicki e a consideravam um ser humano legítimo ao invés de uma máquina. A diferença entre pais e mães era que a maioria dos pais viam Vicki como uma menina super inteligente, intelectualizada e isso os atraiu, enquanto as mães a viram como um menina doce, um bebê enorme e adorável. As mães observaram ternamente as cenas onde Joan arrumava o vestido de Vicki e ensinava a andróide a cozinhar, além de imaginar como seria ter uma Vicki só pra elas onde pudesse se divertir com sua doçura, levá-la pra festas ou fazer compras. Provavelmente este comportamento se deva ao fato de que tais mães, devido a vários fatores, nunca tiveram chance de ter uma relação mais próxima com suas filhas (filhas muitas vezes até rebeldes e mal-educadas com os pais). Devido a tais fatores, muitas mães enviaram cartas à produção sugerindo que essa relação de quase mãe e filha pudesse ser mais explorada no seriado. Na verdade, essa relação levou a um questionamento: no futuro, os andróides serão tratados como animais de estimação ou membros da família? O fato de Vicki passar a noite no quarto de Jamie Lawson, mais precisamente em seu armário, foi considerado não muito inteligente por muitas mães que escreveram para a produção do espetáculo questionando se ele sempre não veria Vicki como um objeto, um brinquedo e jamais como uma irmã já pelo fato de não ser tratada como ele (tendo o próprio quarto e dormindo em uma cama).
Ao contrário do que acontece com o gato ou o cachorro, as pessoas que tivessem uma andróide como Vicki teriam a inevitável sensação de uma presença humana circulando dentro de casa e, ao contrário de uma boneca viva e tamanho família, ela não é só fisicamente igual a uma humana, mas também possui faculdades para imitar bem comportamentos humanos básicos. Na 1ª Temporada da série, Vicki tem o comportamento intelectual de uma menina de 4 anos, mas os pais que assistiram ao seriado durante esse tempo adoraram isso, principalmente as mães, que sentiram uma certa afeição por Vicki parecer quase um bebê. Como descreveram mães fãs de Super Vicki na época: seria impossível considerar a menina robô simplesmente como uma torradeira ou um aspirador de pó, enfim, como um objeto, e provavelmente, se ela existisse na vida real, seria tratada mais como um parente que como uma máquina ou um animal de estimação. Foi citada a possibilidade irônica de que alguns donos, se fosse possível ter uma criança andróide em casa, sentiriam a consciência pesar se colocassem-na em trabalhos pesados (a maioria das pessoas que disseram isso eram idosas, entretanto as mães estavam geralmente dispostas a fazer Vicki executar algumas tarefas árduas e sobre-humanas).
Algumas mães enviaram cartas criticando a imagem de “boneca-dócil” que Vicki posou para as crianças muito jovens, mas essa facção insatisfeita representava a minoria absoluta. Havia uma fração surpreendente maior de mães que tiveram uma atenção, um carisma muito grande para com a pessoa de Vicki, virando exemplo de filha modelo, diferente das crianças reais. Algumas vezes, cartas foram enviadas dizendo que Vicki estava “congelada”, precisava amadurecer e se desenvolver intelectualmente e freqüentemente perguntava por que Ted Lawson não atualizava o cérebro dela e foi proposto pela produção que a socialização de Vicki ocorreria no ambiente escolar, logo, Vicki começou a freqüentar a mesma escola de Jamie Lawson "seu irmão" e este cuidaria para que nunca descobrissem que a menina se tratava, na verdade, de uma robô. Havia mães fanáticas que falavam “Oh, eu a levaria para passear no parque” e outras, tristemente, diziam que robôs andróides atuariam como substitutos para crianças perdidas ou mortas, até ter as faces delas moldadas à imagem e semelhança de uma criança falecida.
Uma razão para tudo isso também, talvez se deva ao fato de Vicki atuar como uma boneca viva, que não precisa ser manuseada para agradar, despertando a criança dentro delas. Outra coisa, a maioria das meninas de hoje, quando atingem a idade de 10 anos, começam a abandonar os brinquedos relacionados a aparelhos domésticos – forno, máquina de costura – dando os primeiros sinais de total desinteresse pelos trabalhos domésticos, enquanto que Vicki (com quase 13 anos de idade) ainda ajuda Joan "sua mãe" nas atividades domésticas, se tornando uma verdadeira fantasia para algumas mães. As donas-de-casa não estavam satisfeitas com suas crianças crescendo e se tornando levadas e gostariam de filhas mais femininas, comportadas e que se vestissem como garotas de tempos atrás. As mães viram Vicki como uma fantasia atraente, divertida e tenderam a assistir Small Wonder graças ao modelo feminino arcaico representado.
Eram as cartas das mães que acabaram dominando e decidindo mais o rumos do seriado e despertaram o interesse genuinamente secular em relação a robôs andróides projetados para casa e família. V.I.C.I.s da vida real seriam dotadas de programas onde incorporariam o perfil de famílias específicas, se ajustando aos hábitos particulares de cada família, preferências, necessidades e demandas. De certo modo, Vicki desenvolveria um tipo de “personalidade”. Assim, no episódio “Class Comedienne” ("Comediante da Classe") em que a memória de Vicki é apagada e Joan se sentiu como se tivesse perdido uma filha, muitas mães fãs escreveram que isso é um senso genuíno de perda.
Na 4ª Temporada, foi proposto um roteiro no qual Joan, depois de levar Vicki para fazer compras e vê um sutiã numa loja, chega em casa e discute com Ted Lawson, seu marido, sobre a possibilidade de comprar um sutiã para Vicki, isto depois dele implantar silicones na garota (sendo isso mais uma atualização robótica), assim ela teria mais uma experiência de relacionamento entre mãe e filha. Este roteiro traria reflexões sérias sobre o papel de Vicki na família e o anseio de Joan de tornar a robô realmente uma filha. Apesar de ter sido uma boa idéia, embora a atriz Brissete (que faz o papel de Vicki) talvez ficasse um pouco envergonhada do papel dela em tudo isso, esta pretensão acabou não se tornando realidade.